Pular para o conteúdo

Observabilidade em Plataformas Low-Code: como aplicar Trace e Log Analytics para monitorar aplicações

A Observabilidade é mais do que apenas monitorar; é a capacidade de entender o estado ou condição interna de um sistema complexo com base apenas no conhecimento de suas saídas externas, especificamente analisando sua telemetria que é composta por Logs, Métricas e Traces.
26 de novembro de 2025 por
Observabilidade em Plataformas Low-Code: como aplicar Trace e Log Analytics para monitorar aplicações
Luiz Fernando Borges da Costa
10 minutos de leitura

A ascensão das plataformas Low-Code revolucionou o desenvolvimento de software. A entrega de aplicações se tornou mais rápida, mas a visibilidade sobre os fluxos internos e a execução das aplicações requer ainda mais atenção. Como garantir a estabilidade, performance e confiabilidade dessas aplicações, especialmente quando elas se integram a arquiteturas complexas baseadas em microsserviços? 

Em ambientes distribuídos e de desenvolvimento acelerado, é fundamental compreender como a aplicação se comporta, identificar onde surgem os gargalos e descobrir por que determinados erros só aparecem em produção. Para isso, é importante aplicar uma visão clara do que aconteceu, onde o problema ocorre e por que ele se manifesta. Essa abordagem não apenas contribui para a estabilização do sistema, mas também garante que as equipes de suporte consigam realizar o troubleshooting de forma eficiente, facilitando a manutenção contínua da aplicação e orientando o planejamento das próximas versões.


Você Realmente Sabe o que Acontece com Sua Requisição? 


Em uma arquitetura de microsserviços, uma única ação do usuário pode disparar uma cadeia de eventos que atravessa dezenas de serviços diferentes, bancos de dados e APIs externas. Se essa requisição demorar ou falhar, o erro pode estar em qualquer um desses pontos. 

Em plataformas como OutSystems, no portal do ODC, você já tem acesso a logs de erros, auditoria de execução, traces para rastrear chamadas de ações e APIs. Isso cobre muito bem os casos comuns de troubleshooting, especialmente durante o desenvolvimento ou validação de qualidade.

Para ambientes corporativos críticos ou que demandam níveis mais altos de observabilidade, o ODC oferece uma base sólida de monitoramento que pode ser potencializada com integrações especializadas. Essas integrações não substituem o ODC, mas ampliam sua capacidade, permitindo atender arquiteturas mais complexas: 

  • Rastreamento distribuído (Distributed Tracing): Embora o ODC forneça visibilidade interna do comportamento da aplicação, integrações de tracing permitem ir além, oferecendo a visualização completa da jornada de uma requisição entre múltiplos serviços, APIs e microsserviços externos. Assim, em arquiteturas distribuídas, essas ferramentas complementam o ODC ao revelar pontos de lentidão ou falhas fora do seu ambiente direto.

  • Análise avançada de logs e métricas: O ODC já disponibiliza logs e métricas essenciais para o monitoramento diário, mas integrações adicionais possibilitam elevar esse nível de análise com recursos como correlação entre eventos, consultas avançadas, dashboards em tempo real e alertas personalizados. Dessa forma, o ODC permanece como a base de operação, enquanto as ferramentas conectadas expandem a profundidade investigativa quando necessário.

Se você está rodando aplicações críticas, com alto volume de transações, integrações externas e SLAs apertados, a observabilidade precisa ser: Centralizada, Correlacionada, Customizável e Proativa. A ODC facilita o uso do Trace/Log Analytics ao adotá-los nativamente e permitir a exportação via OpenTelemetry, mas a responsabilidade de propagação do Trace ID em integrações complexas ainda exige uma configuração deliberada do desenvolvedor Low-Code.

 Nesse cenário, Trace + Log Analytics via integração com ferramentas externas complementam perfeitamente o que o ODC oferece, elevando o monitoramento ao nível de observabilidade.

Observabilidade na prática: Distributed Tracing 


Quando um fluxo Low-Code chama um serviço externo, e esse serviço chama outro, e assim por diante, o rastreamento da latência torna-se mais difícil usando métodos de monitoração tradicionais ou nativos. O Distributed Tracing (Rastreamento Distribuído) resolve esse problema atribuindo um identificador único, o Trace ID, a cada requisição no momento em que ela entra no sistema.  

  • Instrumentação: Cada serviço, ou componente Low-Code, deve ser instrumentado para gerar e propagar um Trace ID, garantindo que toda a jornada da requisição possa ser acompanhada de ponta a ponta. 
  • Spans (Operações): Dentro desse Trace ID são criados os spans, que representam operações específicas, como chamadas de API, consultas ao banco de dados ou a execução de regras de negócio em Low-Code. 
  • Visualização: As ferramentas de observabilidade coletam esses spans e os exibem em um formato semelhante a um Gráfico de Gantt*, permitindo visualizar a linha do tempo da requisição, identificar a duração de cada operação e detectar onde ocorre maior latência. 

*O Distributed Tracing organiza esses spans em sequência e hierarquia, permitindo que o Gráfico de Gantt transforme dados brutos de latência em um mapa visual claro e intuitivo da execução do sistema. 

 
Para instrumentar um ambiente Low-Code. A solução ideal envolve usar gateways de API que injetam automaticamente Trace ID no header da requisição antes que ela atinja o componente Low-Code. Existem ferramentas no mercado capazes de ajudar com essa solução como o Kong, essencialmente de código aberto ou Apigee, para uma plataforma mais robusta, completa e escalável. 

Log Analytics: De Arquivo de Texto a Inteligência Operacional 


Se o Trace mostra o caminho e o tempo da requisição, os Logs mostram o que aconteceu durante a execução. No entanto, Logs espalhados por diferentes servidores ou armazenados como arquivos de texto podem dificultar diagnósticos em tempo real.

Log Analytics é o processo de coletar, centralizar, normalizar e analisar grandes volumes de dados de log gerados por todos os componentes do seu sistema. Ele transforma informações desestruturadas em dados estruturados e pesquisáveis.

Com Log Analytics, você transforma dados brutos em indicadores visuais de performance, alertas em tempo real, detecção de padrões anômalos e até mesmo diagnóstico de falhas antes do impacto no usuário.  

Para que o Log Analytics seja efetivo, seus logs devem ser estruturados, preferencialmente no formato JSON.

  • Logs Não Estruturados: 

  • [2025-11-24 12:00:00] ERRO: Falha ao processar a fatura do cliente 123 


  • Logs Estruturados:

{


  "timestamp": "2025-11-24T15:00:00Z",


  "level": "ERROR",


  "message": "Falha ao processar a fatura",


  "customer_id": "123",


  "application": "ERP-LowCode",


  "flow_step": "GenerateInvoice"


}


Isso se torna possível no ODC por meio de integrações com diversas plataformas que permitem coletar, correlacionar e visualizar dados de forma avançada, ampliando a capacidade de observabilidade do ambiente low-code sem perder a simplicidade nativa da plataforma.  


Para saber mais acesse: Streaming observability data - ODC Documentation 

O Ponto Chave da Observabilidade 


A verdadeira inteligência acontece quando você correlaciona Logs e Traces.

Injeção do ID: O passo mais vital é garantir que o Log ID (ou o próprio Trace ID) seja injetado em cada linha de log gerada por aquele fluxo específico. 

Consulta Integrada: Quando o Trace ID mostra que um span demorou 5 segundos, você clica nele e, automaticamente, a plataforma de Log Analytics filtra e exibe todos os logs associados àquele Trace ID e Span ID específicos. 

Isso elimina a necessidade de vasculhar manualmente gigabytes de logs para encontrar a causa-raiz, revelando a linha de código ou a regra de negócio Low-Code que falhou.  


Etapa

Ação

Ferramentas (Exemplos) 

Principal Benefício

1. Coleta

Centralizar todos os Logs e Spans em um único ponto.

Fluentd/Logstash (para logs), OpenTelemetry Collector (para traces), Agentes de APM. 

Unificação da Fonte de Dados.

2. Padronização  

Definir um padrão de Log Estruturado (JSON) com campos obrigatórios: trace_id, timestamp, level, message. 

Regras de Negócio na Plataforma Low-Code. 

Pesquisa e Correlação Eficientes.

3. Instrumentação

Configurar APIs e wrappers Low-Code para propagar o trace_id. 

SDKs de Distributed Tracing (ex: Jaeger, Tempo) ou soluções nativas de APM.

Mapeamento completo do fluxo da requisição. 

4. Análise 

Usar ferramentas que permitem consultas e visualizações avançadas (Kibana, Grafana Loki/Tempo, Datadog, New Relic). 

Plataformas de Observabilidade.

Transformar dados em insights acionáveis. 


A adoção de Trace e Log Analytics não é um luxo, é uma necessidade operacional 


Plataformas Low-Code oferecem uma vantagem competitiva inegável. No entanto, sua eficácia a longo prazo depende da capacidade da sua equipe de manter a saúde e a performance das aplicações. 

Ao integrar esses pilares da Observabilidade em seu ecossistema Low-Code, você move sua operação de um estado reativo (apagar incêndios) para um estado proativo e preditivo. Você garante que a velocidade do desenvolvimento Low-Code não seja comprometida pela falta de visibilidade, construindo não apenas aplicações rápidas, mas sistemas robustos e confiáveis capazes de sustentar o crescimento do seu negócio. 

Observabilidade em Ação: O Plano Estratégico na Prática


Transformar a Observabilidade em realidade exige um plano de ação estruturado, especialmente em plataformas Low-Code. Na YasNiTech, nossa experiência demonstra que a chave é a padronização e a centralização dos dados de telemetria. 

Estrutura de Log Reutilizável e Integrada

Visando criar uma estrutura de log que não fosse apenas um arquivo de texto, mas uma fonte rica de dados para análise, a Yasnitech focou na criação de um framework genérico dentro da plataforma Low-Code para centralizar a coleta de informações: 

  • Log Padronizado: Desenvolvemos uma library interna que encapsula toda a lógica de registro, garantindo que todo log siga uma estrutura única (LogEntry).

  • Dados Essenciais: Essa estrutura garante a inclusão automática de informações cruciais para o troubleshooting, como UserId (para rastrear o usuário) e, o mais importante, o CorrelationGUID (nosso índice de correlação para Trace).

  • Facilidade de Uso: Criamos wrappers (ações simplificadas) específicos para Log de Ações e Log de Erros, permitindo que o desenvolvedor Low-Code registre informações de forma fácil e padronizada, sem se preocupar com a complexidade do JSON subjacente.

  • Ação Prática: Ao usar a ação nativa LogMessage, transformamos a estrutura do log em um JSON e o inserimos na mensagem. Isso transforma o log em dado estruturado, pronto para ser ingerido por qualquer ferramenta de Log Analytics.

Sobre a YasNiTech


Fundada em 2013 por ex-profissionais da IBM, a YasNiTech é uma empresa global de tecnologia com unidades em São Paulo, Boston (EUA) e Sansepolcro (Itália). Desde a sua origem, consolidou-se rapidamente no mercado brasileiro entregando soluções inovadoras em combate a fraudes, prevenção de perdas e business analytics.

Com o passar dos anos, a empresa expandiu seu portfólio, incorporando iniciativas em plataformas Low-Code, digitalização e automação de processos. Entre suas inovações, introduziu ao mercado brasileiro a primeira ferramenta de Digitalização de Processos de Negócios Multi-Empresas (Multi-Enterprise Business Process Digitalization), impulsionando a colaboração digital no Supply Chain. 

Em sua fase atual, a YasNiTech se posiciona na vanguarda da Inteligência Artificial, com foco especial em Agentic AI. A empresa desenvolve soluções inteligentes e autônomas que potencializam a tomada de decisão, a eficiência operacional e a inovação em múltiplos setores da economia, como saúde, farmacêutico, logístico e industrial.